Vem aí a Eurocopa 2008, o segundo maior torneio de seleções do mundo, só ficando atrás para a Copa do Mundo. Aliás, muitos dizem que a Euro seria uma espécie de Copa do Mundo, sem Brasil e Argentina. Há uma certa dose de razão aí, já que estas são as únicas seleções não européias que ganharam a competição mundial, ao lado do Uruguai, que por sua vez, não tem grande força no futebol mundial nos últimos anos.
E como sempre, a UEFA consegue transformar os seus torneios em verdadeiros espetáculos. Quando vejo a Uefa Champions League, dá uma dose de inveja, quando esta é comparada à Libertadores, que infelizmente, conta com uma administração pífia da CONMEBOL, do presidente vitalício. Nicolas Leoz. Com a Eurocopa comparado com a Copa América, esse sentimento é o mesmo. É um verdadeiro espetáculo de cobertura, modernização, organização e outros elementos que compõem a Euro.
Como sempre, não há um favorito que se dispare em relação aos demais. Podemos citar a Itália, que sofreu um duro golpe, com o corte do zagueiro e capitão da Copa de 2006, Canavaro, por conta de uma lesão. A Azzurra tenta fazer o mesmo feito que só França e Alemanha conseguiram. As duas seleções conquistaram seguidamente uma Copa do Mundo e a Eurocopa. Os alemães, liderados por Franz Beckembauer ganharam as duas competições em 1970 e 1972, respectivamente, a exemplo da França, de Zidane, que ganhou em 1998 e 2000, numa final contra a própria Itália. Aliás, curiosamente, a Itália é a maior vencedora européia em Copas do Mundo, mas não consegue repetir o mesmo feito na competição continental, uma vez que ganhou apenas uma edição, em 1968. Já a França não conta mais com Zidane, ainda tem Henry, mas já não é tão forte quanto a seleção de 1998 a 2006, mesmo assim, tem tradição no torneio, pode chegar e surpreender a todos, assim como foi em 2006. Eu aposto em boa campanha da Alemanha, pois tem um bom time formado por jogadores jovens e já mostrou na Copa do Mundo que com tempo, tem tudo para montar uma seleção muito forte.
Mesmo assim, eu apostaria em Portugal, de Felipão. A seleção lusitana bateu na trave na Eurocopa de 2004, quando foi anfitriã do torneio, apenas perdendo a final para a Grécia. Mas Felipão tem estrela, conseguiu levar Portugal ao quarto lugar, com Pauleta no ataque (seria uma analogia bem interessante, se lembrarmos que o Grêmio de Mano chegou com Tuta, na final da Libertadores) e ainda conta com o melhor jogador do mundo na última temporada, Cristiano Ronaldo, que está jogando muito mesmo, nada de invenção. Mesmo assim, os lusitanos terão que suar a camisa, pois caíram num grupo chato, onde tem outra e perigosa seleção, a República Tcheca, de Padel Nedved e do grande goleiro Peter Cech, além da anfitriã Suíça e da sempre chata Turquia. Agora, o grupo da morte mesmo, é o grupo C, formado por Holanda, Itália, França e Romênia. E é impressionante como italianos e franceses vêm se cruzando nos últimos anos, pois fizeram a final da Copa do Mundo, onde a “Azzurra” superou os “Les Bleus”, nos pênaltis, após um empate de 1×1 no tempo normal; quase dois meses depois, ambos se enfrentaram no estádio de Saint-Denis, onde os franceses venceram por 3×1; já no segundo jogo, em solo italiano, ambos não saíram do 0x0.. Já as anfitriãs, Áustria e Polônia, podem passar para a fase seguinte, mas não vejo grandes pretensões de títulos para as duas. Mas a Grécia tinha, inicialmente, pretensão de conquistar a Eurocopa de 2004?
Veja como ficaram os grupos da Eurocopa 2008.
A Eurocopa começou a ser disputada em 1960. Não havia uma sede fixa nas primeiras fases, na verdade, os jogos eram eliminatórios em ida e volta. A sede fixa só começava a partir das semifinais, para onde se classificaram a União Soviética, Tchecoslováquia, França e Iugoslávia. A URSS passou pela Espanha, na fase anterior por W.O., isso porque o general Francisco Franco, general e chefe-de-estado espanhol, proibiu que os espanhóis pisassem em solo soviético. Mesmo assim, a URSS mostrou que era forte, e em Marselha, venceu a Tchecoslováquia por 3×0, a mesma seleção que seria vice-campeã da Copa do Mundo de 1962, diante do Brasil de Garrincha. Enquanto isso, a Iugoslávia superaria os anfitriões da fase final, a França, na cidade de Paris, por 5×4. A Tchecoslováquia ficou em terceiro lugar, ao vencer os franceses por 2×0. Já a grande final, a URSS de Lev Yashin, considerado por muitos como o melhor goleiro de todos os tempos, superou os iugoslavos por 2×1 na prorrogação, se sagrando a primeira seleção campeã européia.
Já em 1964, a Espanha fez jus ao apelido “La Furia”. O sistema praticamente o mesmo da edição anterior, com jogos das oitavas e quartas-de-final em confrontos ida e volta na casa dos participante, somente tendo sede fixa a partir das semifinais. A Espanha e União Soviética fizeram a final no Santiago Bernabéu, em Madrid, e deu os donos da casa, por 2×1.
Já em 1968, a Itália, que em dois anos sagraria vice-campeã mundial, conquistou a Eurocopa, na condição de anfitriã da fase final do torneio, após o empate de 0x0 contra a URSS (passando para fase seguinte num cara e coroa, ou seja, na moedinha, entre os capitães das duas seleções, e a Itália teve mais sorte) e os dois jogos finais diante da Iugoslávia, o primeiro por 1×1, e o segundo foi o jogo de desempate, e a Azzurra ganhou a sua única Eurocopa, no placar de 2×0.
Em 1972, deu a Alemanha Ocidental de Gerd Müller e Franz Beckenbauer, superando, em solo belga, a URSS na final, por 3×0. Já em 1976, foi a vez da Iugoslávia conseguir, depois de dois vices, a tão sonhada taça. E não poderia ser melhor, senão superar exatamente os dois favoritos ao título da Euro: Alemanha (atual campeã da competição e campeã mundial) e Holanda (vice-campeã mundial). Nas semifinais, a Iugoslávia venceu por 3×1 os holandeses, em Zagreb, e passaram para a final, diante da Alemanha, que ainda contava com Franz Beckenbauer, e empatou a partida em 2×2, na cidade de Belgrado, e conquistou o título nos pênaltis, por 5×3.
Já a partir da Eurocopa de 1980, a fórmula mudaria. Agora, a fase inicial era formada por dois grupos de quatro seleções cada, e já tinha sede fixa desde o começo. Naquele ano, os italianos tiveram o direito de aproveitar a Eurocopa. O grupo 1 era formado por Alemanha Ocidental, Holanda, Tchecoslováquia e Grécia. Os alemão passaram, com cinco pontos, seguidos pelos tchecoslováquios com três pontos, superando a Holanda, com a mesma pontuação, no salgo de gols. Sempre lembrando, claro, que naquele ano, cada vitória valia dois pontos. Já no grupo dois, a Itália passaria com quatro pontos (uma vitória e dois empates), num grupo que tinha Espanha, Inglaterra e Bélgica. Este se classificou em primeiro, junto com a Itália, ambos com quatro pontos, mas levando a melhor com número de gols feitos (três), pois a Itália empatou em 0x0 contra a Espanha, venceu por 1×0 a Inglaterra e empatou 0x0 contra a Bélgica, uma campanha muito aquém do que se espera dos donos da casa. Naquela edição, não havia semifinal, na verdade, os dois primeiros colocados de cada grupo foram diretamente para decisão, enquanto os segundos colocados foram para a partida que definiria o terceiro lugar. Na decisão do terceiro, um empate de 1×1 entre Tchecoslováquia e Itália, e a seleção do leste-europeu superou a Azzurra nos pênaltis, por 9×8. Uma campanha decepcionante da Itália, mas mal sabiam os italianos, que em dois anos, superariam a seleção brasileira de 1982, comandada por Telê Santana, para se sagrarem tricampeões mundiais. Já a final foi em Roma, entre Alemanha e Bélgica. Horst faria os dois gols da Alemanha, dando o segundo título aos alemães, na vitória por 2×1 contra os belgas.
Na Eurocopa de 1984, a França de Michel Platini, jogando em casa, ganharia por 2×0 a decisão contra a Espanha e conquista o seu primeiro título na competição. Já em 1988, a competição foi na Alemanha, e deu a Holanda de Marco van Basten e Frank Rijkaard, batendo os donos da casa nas semifinais por 2×1 e a URSS, que dava o seu último suspiro na Eurocopa, antes do fim da Guerra Fria, com o placar de 2×0. A edição de 1992 foi na Suécia, e a Dinamarca, do craque Brian Laudrup venceria a Alemanha de Klinsmann, atual campeã do mundo, pelo placar de 2×0.
A partir da edição de 1996, na Inglaterra, o torneio passaria a ter 16 clubes divididos em quatro clubes. Nesses moldes, Alemanha seria tricampeã, batendo a Inglaterra nas semifinais, numa decisão por pênaltis, e superando a República Tcheca (antiga Tchecoslováquia) na decisão por 2×1. Em 2000, a Eurocopa teria pela primeira vez, duas sedes, Bélgica e Holanda, mas foi a França que fez festa, ao conquistar o Bicampeonato, quando bateu a Itália na final, com o Golden Goal de David Trezeguet, na prorrogação, dando números finais a partida em 2×1. E em 2004, a Euro foi em território português, a Grécia aprontou uma das maiores zebras da Euro e impediu que o Felipão, no comando da seleção portuguesa, conquistasse a Eurocopa, após obter a conquista da Copa do Mundo de 2002, sob o comando da seleção brasileira. O resultado da final foi de 1×0, e o gol mais importante da seleção grega foi marcado por Charisteas.
Agora vamos ver quem se sagrará campeão da Eurocopa de 2008. Com toda certeza, vai ser um grande torneio.
PS: Se houver algum erro gramatical, perdoem-me, mas fiz correndo esse artigo. FUI!